Luís Montenegro, do Partido Social Democrata, vota nas eleições gerais de Portugal neste domingo (18)   •  (c) 2025 Thomson Reuters
André Ventura, líder do Chega, vota nas eleições gerais de Portugal   •  (c) 2025 Thomson Reuters
Pedro Nuno Santos, do Partido Socialista, vota nas eleições gerais de Portugal neste domingo (18)
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Neste domingo (18), os candidatos ao cargo mais alto do parlamento de Portugal compareceram às seções eleitorais do país para votar. O país enfrenta sua terceira eleição em três anos, em meio a instabilidade política e a dissolução da Assembleia da República, pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, em março deste ano.

Os principais postulantes ao posto de primeiro-ministro são: Luís Montenegro, pertencente à Aliança Democrática (AD), Pedro Nuno Santos, do Partido Socialista (PS) e André Ventura, do Chega.

As votações ocorrem após o primeiro-ministro Luís Montenegro ter perdido o voto de confiança do parlamento. Pesquisas de intenção de voto mostram Montenegro à frente na corrida.

Contudo, mesmo que receba a maioria dos votos, ele não será automaticamente eleito — ainda é preciso que ele seja nomeado pelo presidente da República, após uma consulta dos partidos que elegeram parlamentares à Assembleia.

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"Naturalmente, sei que todos estão preocupados que esta eleição traga soluções positivas, uma maior capacidade para o país crescer e prosperar, para que haja mais justiça social, para que haja mais igualdade de oportunidades. E há uma busca por uma solução estável, mas isso agora dependerá das escolhas (das pessoas)", afirmou Luis Montenegro à imprensa após votação.

"Minhas expectativas são boas. Mas, neste momento, só me resta aguardar a participação do povo português na votação", disse Santos.

Ventura, por sua vez, disse também estar otimista com a corrida, adicionando saber que "muita gente está com raiva" e "quer mudança".

"O caminho democrático é ir às ruas e votar, é isso que quero que todos vocês sigam. Sei que muita gente acha que é brincadeira e sei que muita gente está com raiva, sei que muita gente quer uma mudança", afirmou o líder do Chega.

As urnas foram abertas às 8h no horário local (4h no horário de Brasília) e fecharam às 19h (15h no horário de Brasília). Resultados preliminares devem sair a partir de 20h (16h no horário de Brasília).

Conheça os candidatos

Confira a seguir os principais partidos e seus respectivos líderes que concorrem às eleições gerais de Portugal, neste domingo.

Aliança Democrática (AD)

Primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, em entrevista coletiva durante visita a Berlim • 24/05/2024 REUTERS/Lisi Niesner
Primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, em entrevista coletiva durante visita a Berlim • 24/05/2024 REUTERS/Lisi Niesner

A Aliança Democrática (AD), partido no poder em Portugal, agrupa o Partido Social-Democrata (PSD), de centro-direita, do primeiro-ministro interino Luís Montenegro, e o conservador CDS-PP. Montenegro, de 52 anos, continua sendo seu candidato à liderança.

Em março de 2024, a AD venceu as eleições nacionais com 28,8% dos votos, superando os socialistas com 28%. Contudo, um ano depois da vitória, seu governo perdeu um voto de confiança parlamentar após a oposição questionar a integridade de Montenegro em relação às negociações da empresa de consultoria de sua família.

A AD se uniu em torno de Montenegro, que negou qualquer irregularidade, e as pesquisas de opinião mostram que ele é o favorito para vencer, com sua reputação praticamente intacta.

O AD promete manter o rumo traçado no ano ado, visando reduzir impostos para a classe média e empresas, controlar a imigração e enfrentar a crise imobiliária.

Montenegro recusou qualquer acordo com o partido de ultradireita Chega na última legislatura e manteve sua postura de "não significa não" na campanha eleitoral.

Partido Socialista (PS)

Pedro Nuno Santos • Reprodução Redes Sociais
Pedro Nuno Santos • Reprodução Redes Sociais

O PS, de centro-esquerda, é uma força dominante na política portuguesa, ao lado de seu principal rival, o PSD, e está no governo há mais tempo do que qualquer outro partido desde a queda da ditadura fascista em 1974.

Pedro Nuno Santos, economista de 48 anos, lidera o partido desde o final de 2023, após a renúncia do primeiro-ministro António Costa em meio a uma investigação sobre supostas ilegalidades na gestão de grandes projetos de investimento por seu governo, nenhuma das quais foi comprovada.

Como ministro júnior, Santos coordenou com sucesso o apoio ao primeiro governo de Costa com o Partido Comunista de extrema-esquerda e o Bloco de Esquerda entre 2015 e 2019.

O PS possibilitou a aprovação do primeiro orçamento de Montenegro em outubro ado, mas em março foi fundamental para derrubar seu governo no voto de confiança.

Apesar das muitas divergências, o PS e a AD trabalharam para manter as finanças públicas em uma base sólida e reduzir a dívida enquanto estavam no poder, o que lhes rendeu elogios da União Europeia, investidores e agências de classificação de risco.

Chega

André Ventura • Reprodução Redes Sociais
André Ventura • Reprodução Redes Sociais

O Chega, partido de ultradireita, foi formado há apenas seis anos, mas se tornou a terceira maior força parlamentar em 2022 e quadruplicou suas cadeiras no ano ado para 50, com uma plataforma de combate à corrupção e à imigração.

Seu líder, André Ventura, de 42 anos, é formado em Direito e já se formou padre, mas se destacou como comentarista esportivo na TV. Ele é um ex-integrante do PSD que ganhou notoriedade em 2018 com comentários incendiários contra a comunidade cigana local.

Um ano depois, fundou o Chega, defendendo penas mais duras para criminosos, incluindo castração química para estupradores reincidentes, pedindo o fim da política de imigração de "portas abertas" de Portugal e acusando o PS e o PSD, que governaram o país nos últimos 50 anos, de perpetuar a corrupção.

O Chega está em terceiro lugar nas pesquisas, mas pouco mudou em relação ao seu resultado de 18% em 2024, com sua ascensão meteórica aparentemente estagnada por escândalos envolvendo vários integrantes seniores do partido.

Iniciativa Liberal

O partido de centro-direita defende reformas favoráveis ​​às empresas, impostos mais baixos e burocracia reduzida, e é visto por muitos analistas como um parceiro natural para o AD. Seu nível atual de apoio – cerca de 6% nas pesquisas de opinião – seria insuficiente para garantir uma maioria clara se os dois formassem uma aliança.

Livre

O partido de esquerda pode ganhar uma ou duas cadeiras após conquistar quatro cadeiras na legislatura anterior e está à frente nas pesquisas de outros partidos de esquerda, Bloco de Esquerda e CDU.

Partido Comunista

Antigamente uma grande força na política portuguesa, teve o seu pior resultado de sempre em 2024, com apenas 3,1% sob a liderança de Paulo Raimundo, de 48 anos, que substituiu o veterano Jerónimo de Sousa em 2022. As sondagens de opinião mostram que o partido anti-Otan e eurocético mantém praticamente o mesmo nível.

Bloco de esquerda

O partido de extrema-esquerda conquistou apenas cinco assentos em 2024, com 4,4% de apoio, abaixo do seu pico de popularidade, com 19 assentos parlamentares em 2015 e 2019. As sondagens estão um pouco abaixo dos 3%.

Liderado pela economista Mariana Mortágua, de 38 anos, defende um Estado social mais forte, controle de rendas, tributação dos ricos e das grandes empresas, e fez propostas de aliança com o PS.

Espera-se, na melhor das hipóteses, que o partido de esquerda volte a eleger um deputado.

*Com informações da Reuters.

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