O sargento da PM Samir Fernandes, preso por matar a esposa em Santos • Reprodução
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou o sargento da Polícia Militar Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho por feminicídio contra a esposa Amanda Fernandes, de 42 anos, e tentativa de homicídio contra a filha de 10 anos.
O crime ocorreu no dia 7 de maio deste ano, dentro de uma clínica médica em Santos, no litoral de São Paulo. A denúncia foi apresentada à Justiça na última sexta-feira (23).
Segundo o MP-SP, o policial invadiu o consultório onde sabia que mãe e filha estavam escondidas, atirou três vezes contra a mulher e a atingiu com mais de 50 facadas. A filha também foi ferida por disparos nas pernas e em um dos braços.
De acordo com o promotor Fabio Fernandez, o crime foi premeditado e motivado por desentendimentos no relacionamento. O acusado já apresentava histórico de comportamento violento, com ameaças e agressões anteriores à companheira.
Durante a ação, ele dissimulou o porte da arma para enganar os policiais militares que foram acionados para atender à ocorrência, conseguindo ar o consultório antes de cometer os crimes.
A denúncia inclui qualificadoras como meio cruel, perigo comum, dissimulação, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e uso de arma de fogo de uso .
O promotor também destacou agravantes pelo crime ter sido cometido contra a mãe, na presença da filha, e contra a própria descendente, menor de 14 anos.
O MP-SP solicita que o acusado seja condenado a uma pena mínima de 70 anos de prisão e também pede a fixação de indenização de R$ 100 mil aos herdeiros da vítima e R$ 50 mil à filha.
A CNN entrou em contato com a defesa de Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho. Em resposta, o advogado Paulo Jesus afirmou que muitas provas periciais ainda serão corroboradas aos autos.
“Vamos aguardar a vinda dessas provas para o oferecimento da defesa. Estamos ainda na fase inicial do processo”, concluiu.
Logo que a ocorrência foi registrada, a Polícia Militar divulgou uma nota informando que foi acionada por volta das 13h para atender o caso de violência doméstica em uma clínica médica. No local, foi informado que a mulher e a filha tinham se trancado em uma sala com o médico pois um homem, que era marido da mulher e policial militar, invadiu o local a ameaçando.
Ainda conforme essa versão, com a chegada das equipes, o médico abriu a porta da sala em que estava com Amanda e a filha dela, momento em que o policial teria pego uma arma de fogo que estava em outra sala da clínica e efetuado diversos disparos.
O sargento teria ainda, na sequência, pegado uma faca e dado facadas em Amanda, que morreu no local. A filha, baleada, foi socorrida e levada para a Santa Casa de Santos, que recebeu alta desde o dia 13 de maio.
Já na versão apresentada da delegacia, que consta no boletim de ocorrência do caso, testemunhas relataram que Amanda Fernandes e a filha estavam na clínica médica de dermatologia, ambas aparentando comportamento calmo.
Minutos após, o sargento, que se identificou como seu marido, entrou no estabelecimento e ficou na recepção junto com elas. Após um tempo, Amanda foi até a recepcionista e pediu, de forma discreta, que ela acionasse a polícia, alegando estar sendo ameaçada.
Na sequência, a mulher e a filha procuraram abrigo na sala do médico dermatologista, proprietário da clínica, relatando que o marido estava armado e ameaçava matá-la. O médico então trancou a porta da sala, colocou cadeiras para obstruí-la e tentou acionar a polícia, enquanto aguardavam ajuda.
Os policiais chegaram ao local e, segundo o registro, se certificaram que o autor do crime não portava nenhuma arma pois ele “teria levantado a blusa que vestia” e “apresentava temperamento calmo”. Os policiais então pediram pra ele se afastar da porta para que o médico pudesse abri-la.
Neste momento, porém, tão logo a porta foi aberta, o policial desferiu uma sequência de disparos de arma de fogo. Os PMs então entraram na sala e prenderam o autor, que se rendeu sem resistência.
A versão apresentada no boletim não cita nada sobre as facadas.
Já na terceira versão do caso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que, quando os policiais chegaram no local, já encontraram a mulher sem vida e a filha ferida por disparos de arma de fogo. “A jovem foi socorrida a uma unidade de saúde. O homem foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos”, completa a nota.
Posteriormente, a SSP voltou atrás e afirmou que os policiais foram acionados via Copom para atender uma ocorrência de desinteligência no local. Quando chegaram as vítimas estavam trancadas em um consultório e o autor, um policial militar de folga, do lado de fora. De acordo com as informações prestadas no boletim de ocorrência, após o policial mostrar que não estava armado, a porta foi aberta.
O autor entrou e atirou na mulher e na filha, sendo preso na sequência e encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes.
*Sob supervisão