Questionado sobre PRF, Bolsonaro diz: "Nenhum eleitor deixou de votar"

Blitz da PRF com foco no Nordeste visava dificultar "a participação de eleitores que se presumiam contrários ao então presidente", denunciou a PGR

Davi Vittorazzi, Henrique Sales Barros e Manoela Carlucci, da CNN, Brasília e São Paulo
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Questionado sobre operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno presidencial de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou conhecimento sobre as ações.

"O que eu fiquei sabendo sobre isso, após o ocorrido, é que nenhum eleitor deixou de votar nessas regiões", afirmou Bolsonaro, respondendo ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10).

De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), no dia da votação, a PRF teria realizado ações contra ônibus (blitz) que se dirigiam a localidades do Nordeste, onde, na época, o então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conservava mais força eleitoral do que Bolsonaro.

A intenção seria a de dificultar “a participação de eleitores que se presumiam contrários ao então presidente”.

Na semana ada, também em depoimento à Suprema Corte, o ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal, Djairlon Henrique Moura negou que as fiscalizações nos transportes tinham por objetivo prejudicar o andamento das eleições, mas confirmou que havia uma orientação para que se inspecionasse ônibus com destino ao Nordeste.

“Antes da eleição, foi solicitado que se fizesse uma operação dos ônibus que estavam saindo de São Paulo e da região do Centro-Oeste, que tinha como destino final o Nordeste, com possíveis votantes e recursos financeiros que já estavam sendo investigados pela Polícia Federal. Isso foi formado no dia 21 a 27 de outubro, então a operação acabou bem antes do período das eleições”, declarou o ex-diretor da PRF.