Garnier nega que desfile de blindados foi programado para pressionar Câmara
Ex-comandante da Marinha citou "coincidência" que veículos da Força estivessem em frente ao Congresso no mesmo dia em que deputados votariam emenda constitucional do voto impresso
O ex-comandante da Marinha Almir Garnier negou, nesta terça-feira (10), que o desfile de blindados realizado em agosto de 2021, em Brasília, tenha tido como objetivo pressionar a Câmara dos Deputados no dia da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. Segundo ele, o fato se tratou de uma “coincidência”.
“O presidente [da Câmara] decidiu levar ao plenário e marcou para a data que já estava marcado todo esse deslocamento. A Câmara alterou isso com quatro dias de antecedência e eu não teria nem como fazer essa mudança. Então, nesse caso em particular, foi uma coincidência”, afirmou Garnier.
O ex-comandante também afirmou que o objetivo do desfile de blindados era mostrar para a população os veículos através do desfile. Ele explicou também que anualmente a Marinha faz um exercício militar em Formosa, no entorno de Brasília, que é previamente marcado com ao menos um ano de antecedência.
O então presidente Jair Bolsonaro participou da cerimônia.
"Todos os anos na cidade de Formosa [Goiás] a Marinha realiza uma operação. Esse planejamento logístico leva meses de antecedência, porque esses blindados vêm do Rio de Janeiro. [...] Ao assumir o comando em abril, eu falei: 'Olha, vamos fazer uma visitação pública com esses veículos aqui na Esplanada. Todo mundo pode ver. Contudo, isso não foi programado para o dia da votação no Congresso", afirmou.
Garnier foi o primeiro a depor no segundo dia de julgamento do plano de golpe de Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ministro Alexandre de Moraes, o almirante confirmou uma reunião com Bolsonaro e outros comandantes das Forças, mas negou que tenha sido apresentada uma minuta do golpe.
O militar também disse que não ouviu o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçar prender Bolsonaro.
E um dos pontos principais da denúncia foi rechaçado pelo almirante. Ele negou ter colocado tropas à disposição de uma trama golpista.
Almir Garnier é um dos oito réus ouvidos pelo STF nesta semana. Ele foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pela PGR ao lado do ex-presidente Bolsonaro e outros militares.