Segundo levantamento da CNN, as secretarias de saúde estaduais do Ceará e Bahia também investigam casos suspeitos da doença.
Até a quinta-feira (9), a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-R) registrou 37 casos suspeitos de rabdomiólise em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus), com um óbito; quatro em Silves; quatro em Borba; quatro em Parintins; quatro em Maués; três em Manaus; dois em Urucurituba; um em Manacapuru; um em Caapiranga, e um em Autazes. Dos seis novos casos suspeitos, três são de Maués, dois de Urucurituba e um de Parintins.
Do total de internados pela doença, dois estão em Maués, um em Urucurituba e um em Parintins. Segundo nota da secretaria estadual de saúde do Amazonas, todos os pacientes estão estáveis e sendo monitorados.
“Estamos investigando para confirmar as possíveis causas desse surto de rabdomiólise no Amazonas, inclusive com a presença de facilitador do Ministério da Saúde dando o e às nossas ações”, afirmou a diretora-técnica da FVS-R, Tatyana Amorim.
Entre os casos notificados no Amazonas, foi detectada a ingestão prévia de peixes seguida de sintomas como palpitação e rigidez muscular, boca seca, náusea, vômitos, dor no tórax, mal-estar, dispneia (falta de ar) e febre, informou a secretaria.
Segundo a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Amazonas, Liane Souza, as investigações ainda estão em andamento para traçar o perfil de todos as novas notificações. “Os dois casos de Urucurituba já nos foi notificado e trata-se de uma pessoa do sexo feminino, de 74 anos, e uma do sexo masculino, de 24 anos. De Parintins e de Maués, ainda estamos investigando os detalhes”, afirmou em nota.
No dia 1º de setembro, a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas emitiu um comunicado orientando a população de Itacoatiara a evitar o consumo de peixes como pacu, pirapitinga e tambaqui, de origem de pesca de rios e lagos, por pelo menos quinze dias.
Uma força-tarefa do governo do Amazonas acompanhou a ocorrência de casos em Itacoatiara, onde foram coletadas amostras da água dos rios que banham os municípios com casos suspeitos, assim como de peixes contaminados, de frutos que ficam dentro da água dos rios e servem de alimento para os pescados, além de amostras de sangue e de soro dos pacientes hospitalizados pela síndrome.
Por e-mail, a Secretaria da Saúde do Ceará informou que amostras de peixes contaminados foram enviadas para a pesquisa de toxina e que está aguardando confirmação laboratorial. Até 21 de agosto, foram notificados nove casos suspeitos de rabdomiólise no estado. Desses, quatro em homens e cinco mulheres. A idade média foi 51 anos, segundo a secretaria estadual de Saúde.
Dos nove casos suspeitos, todos apresentaram sintomas como dor muscular em membros inferiores e superiores, urina vermelha ou marrom; quatro apresentaram dor articular e dor na região cervical (pescoço, trapézio, dorso), e um apresentou febre, segundo a secretaria.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, casos da síndrome começaram a ser notificados no estado em 2016. Até setembro deste ano, já foram 13 casos confirmados e cinco estão sob investigação nos municípios de Alagoinhas, Salvador, Maraú, Mata de São João, Camaçari e Simões Filho.
Os casos confirmados são de pacientes de 20 a 79 anos, sendo que a faixa etária mais acometida é de 35 a 49 anos, com sete casos (53,8%), seguida da faixa etária de 20 a 34 anos, com cinco casos (38,5%), e o restante sem a identificação da idade (7,7%). Entre os casos confirmados, 66% foram do sexo masculino, segundo a secretaria.
A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia recomenda procurar atendimento médico a quem apresentar sintomas da doença.
“Ao sentir dores musculares e notar urina escura após o consumo de peixes ou crustáceos, deve-se procurar imediatamente uma unidade de saúde”, escreveu à CNN por e-mail.
De acordo a epidemiologista Rosemary Costa Pinto, da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, a rabdomiólise é uma síndrome que decorre da lesão muscular, com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação sanguínea. Não há tratamento específico para a doença.
“Ela ocorre normalmente em pessoas saudáveis, na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas, infecções e ingestão de alimentos contaminados, que incluem o pescado”, afirmou por meio de publicação da fundação.